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Netflix: O Método de Stutz

Documentário de Jonah Hill é uma proveitosa sessão de terapia.
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Mais conhecido por “O Lobo de Wall Street” e “Superbad”, o ator Jonah Hill quis fazer um documentário sobre o seu psiquiatra, Phil Stutz – mas esta é só a ponta do iceberg. Por trás de cada desejo ou atitude, há um universo oculto de significados misteriosos. E assim como a arte, a terapia nos fornece caminhos para desvendá-los.

“O Método de Stutz” começa de forma banal. Hill entrevista Stutz em seu consultório e, invertendo os papéis, pede que o médico fale de sua infância. Depois de contar sobre a morte repentina de seu irmão, Stutz também menciona o irmão de Hill, morto por embolia pulmonar em 2017. O ator, no entanto, não quer tocar no assunto.

Mesmo em uma situação profissional, é difícil exigir vulnerabilidade do outro quando nós mesmos não nos abrimos. Hill logo percebe que seu documentário nunca será perfeito, que é melhor abandonar as falsidades e mergulhar de cabeça nas questões mais delicadas da vida – inclusive a morte.

E como uma terapia de grupo que envolve o psiquiatra, o ator e o espectador, “O Método de Stutz” recomeça e ganha vida. Aos poucos, a verdadeira intenção por trás do documentário vai sendo elucidada. Stutz foi crucial para ajudar Hill a processar o próprio luto, mas Hill confessa que tem medo de perder o médico que já se tornou um amigo.

Com mais de 70 anos e diagnosticado com Síndrome de Parkinson, Stutz faz desenhos trêmulos para explicar seus conceitos de forma simples e acessível. Por muito tempo, ele foi terapeuta de Rikers Island, conhecida como “a prisão dos horrores de Nova York”, e sentiu a necessidade de criar uma abordagem mais prática e assertiva.

Stutz não se contenta em ouvir as queixas de seus pacientes, ele quer resolvê-las. De forma leve e engraçada, ele propõe mudanças de atitude e exercícios. A grande maioria de seus conceitos faz sentido e, de fato, dá vontade de assistir ao documentário com um bloquinho de notas. Algumas propostas, porém, já são mais complicadas, como a prática do desapego.

A verdade é que, em momento algum da vida, teremos total domínio de quem nós somos e de como lidar com a nossa existência. Como em casa de ferreiro o espeto é de pau, o próprio Stutz tem seus receios e acaba se beneficiando de um conselho dado pelo seu paciente. A vida, afinal, tem três constantes: dor, incerteza e trabalho.

O trabalho, é claro, não é aquele que paga as nossas contas, mas o esforço de nos tornarmos seres humanos mais felizes.

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