A premissa de “Sempre em Frente” é bastante simples: o solteiro Johnny, interpretado por Joaquin Phoenix, se vê forçado a cuidar do sobrinho Jesse, o jovem Woody Norman, durante um momento delicado. O que torna o filme especial são pequenos detalhes, como as falas das crianças que Johnny entrevista para um programa de rádio sobre o que elas pensam do futuro.
Em um país arrasado por tragédias cotidianas, como os habituais tiroteios em escolas, muitas crianças parecem ansiosas. Mesmo demonstrando conhecimento de problemas sociais, contudo, a maioria tem esperança em um futuro melhor. Logo de cara, “Sempre em Frente” trata crianças e adolescentes como indivíduos a serem ouvidos e não como uma fonte de humor ou fofura.
Dirigido por Mike Mills, de “Mulheres do Século 20” e “Toda Forma de Amor”, “Sempre em Frente” tem momentos de ternura, mas sem nunca cair em um sentimentalismo barato. Pelo tema, seria fácil imaginar um filme colorido, de tons quentes, mas Mills opta pela seriedade do preto e branco, como se registrasse um melancólico retrato documental.
No filme produzido pela A24, Johnny não vê Jesse há algum tempo e eles precisam refazer os laços de família, o que nem sempre é fácil. Aos 9 anos, Jesse demonstra tanto perspicácia como uma imaturidade natural. A tarefa de lidar com os sentimentos de crianças não é como “padecer no paraíso”, mas um processo trabalhoso que nem sempre é gratificante.
Ao contrário do espetáculo patético de “Coringa”, Phoenix demonstra o seu verdadeiro talento como ator quando encara as nuances de um papel sutil e humanista como o de Johnny. De fato, tio e sobrinho acabam aprendendo sobre a vida um com o outro, mas não de uma forma simplista e bonitinha como a de um comercial ensolarado de banco.