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Capitã Marvel na média

A primeira heroína da Marvel garante boas risadas, boa música e só.
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Por conta da guerra cultural em que vivemos, filmes como “Capitã Marvel”, “Pantera Negra” e “Os Últimos Jedi” foram bombardeados de avaliações negativas, antes mesmo de suas estreias, por aqueles que acreditam que retratar mulheres, negros e asiáticos de uma forma positiva é algo de esquerda – e, portanto, ruim. A maior parte da história do cinema, desde a sua origem, foi dominada pelo homem branco. Em “O Nascimento de Uma Nação”, que mostra os membros da Klu Klux Klan como se fossem heróis, mulheres são criaturas indefesas, atacadas por vilões negros que mal parecem humanos. Mais de um século depois, o cinema busca uma representação um pouco mais equilibrada e justa. E por algum temor inexplicável, os que sempre estiveram no poder agora se sentem acuados, obrigados a reagir de forma tacanha e mesquinha.

Como resultado dessa disputa infeliz, grandes blockbusters se tornaram bastiões, defendidos por aqueles que veem a diversidade como um óbvio avanço histórico, e atacados por quem entende qualquer mudança mínima na sociedade como uma afronta à civilização ocidental e aos seus preconceitos mais tradicionais. Não é para tanto. “Capitã Marvel” não irá acabar com a misoginia, com os abusos sexuais ou com o alastramento dos feminicídios ao redor do mundo. E nenhum homem será castrado por uma gangue de feministas que acabou de sair do cinema. Felizmente ou não. Dito isto, acho importante ressaltar que a representatividade realmente importa, ainda que não provoque transformações tão radicais.

Muito bem, vamos ao filme. Dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck, “Capitã Marvel” só decola, de fato, do meio para o fim. A relação de “Vers” com o personagem interpretado por Jude Law não é bem elaborada, a introdução é apressada e rala, o que dificulta o desenvolvimento da trama mais adiante. “Mulher Maravilha”, por exemplo, não economizou tempo para contar a história de Diana (sem relevar todos os seus segredos) e fazer o espectador se apaixonar por ela, o que não ocorre com a personagem desmemoriada da Marvel – um problema do roteiro e não da atriz Brie Larson.

Com temas como imigração e feminismo, é uma pena que a sequência em que a jovem Carol Danvers se levanta de sucessivas quedas não tenha o mesmo impacto para quem já assistiu a mesma coisa no trailer. O verdadeiro forte de “Capitã Marvel” não é a ação (as lutas são apertadas, confusas) ou o drama (não há muito), mas a comédia. Em especial, a química entre Larson e Samuel L. Jackson, além do incrível gato Goose. Depois que o grupo é formado, o filme lembra mais “Guardiões da Galáxia” do que qualquer outra produção da Marvel – está longe de ser a melhor (“Thor: Ragnarok”) ou a pior (“Thor: O Mundo Sombrio”).

“Capitã Marvel” é fundamental para acompanhar a saga final de Vingadores, que deve estrear em abril deste ano. Há duas cenas depois dos créditos, mas a segunda não é vital. Destaque para a trilha sonora dos anos 1990, com muitos vocais femininos.

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