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Série de Barry Jenkins retrata o racismo na fundação dos Estados Unidos.
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Não é fácil assistir “The Underground Railroad”. Baseada na obra homônima de Colson Whitehead, a série dirigida por Barry Jenkins (diretor de “Moonlight”, vencedor do Oscar de 2017) se passa no sul dos Estados Unidos, durante a escravidão. Interpretada por Thuso Mbedu, Cora é uma escrava que escapa de uma plantação de algodão e acaba perseguida pelo capitão do mato Ridgeway (Joel Edgerton) e seu ajudante Homer (Chase Dillon). Todos os dez episódios já estão disponíveis na Amazon Prime Video, mas a obra não deve ser consumida de uma vez só.

Como sempre, a fotografia de James Laxton – que também trabalhou com Jenkins em “Moonlight” e “Se a Rua Beale Falasse” – é primorosa. Nos momentos mais belos de “The Underground Railroad”, as cores são quentes, banhadas pelo sol alaranjado da tarde. É um espetáculo que merece ser degustado aos poucos, com a devida reverência. Estranhamente, o prazer visual parece intensificar ainda mais o sofrimento humano, muito melhor do que um filtro azulado e sem saturação faria. A luz do sol parece tornar o sangue mais vivo e urgente.

Além da estética da série, os capítulos são densos, as violências que os personagens enfrentam são várias. É preciso um certo tempo de aclimatação entre um episódio e outro para absorver o impacto, bem como os toques surreais. “The Underground Railroad” retrata o racismo do período não como um episódio isolado, mas como um dos principais pilares da fundação histórica dos Estados Unidos. Quando Cora embarca no trem subterrâneo, o condutor lhe recomenda “olhe ao redor ao avançarmos e você verá a verdadeira face da América.”

Na figura do capitão do mato, “The Underground Railroad” ilustra a combinação particular de ressentimento e arrogância que dá origem ao racismo, fora a hipocrisia do relacionamento com o seu ajudante negro. No papel de Ridgeway, o australiano Joel Edgerton nunca esteve tão bem em toda a sua carreira. Apesar da grandiosidade do estilo e do conteúdo, há um problema de ritmo na série de Jenkins. Ao chegar nos dois últimos capítulos, no entanto, a sensação é de presenciar uma obra-prima.

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