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Com Andrew Garfield, suspense de David Robert Mitchell busca significado na cultura pop.
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“Under the Silver Lake” já começa com um código – desenhos de um unicórnio, um tigre, uma cobra e um leão piscam na tela (em inglês, a primeira letra de cada animal corresponde ao título do filme). Não faltam referências, pistas mais ou menos escondidas, indícios de algo maior e mais sombrio do que a realidade aparente. Não há coincidências. Dirigido por David Robert Mitchell, mesmo diretor de “Corrente do Mal”, “Under the Silver Lake” é um neo-noir pitoresco sobre a busca de significado na cultura pop.

Interpretado por Andrew Garfield, Sam é um desempregado fascinado por teorias da conspiração. Em outro período, ele seria o herói ideal de Alfred Hitchcock – mas em Los Angeles do século XXI, ele é apenas um voyeur vagabundo. Vigiando a vizinhança com um par de binóculos, ele conhece Sarah (Riley Keough), uma jovem fanática pelo filme “Como Agarrar um Milionário” (apenas a primeira de uma série de alusões a Marilyn Monroe). No universo estilizado de Mitchell, millennials são cinéfilos deslocados, hipsters nostálgicos por eras passadas.

Da noite para o dia, Sarah desaparece – um símbolo estranho foi pintado na parede do seu apartamento vazio – e Sam começa a sua investigação seguindo um conversível branco cujo modelo é conhecido como “rabbit” (coelho). O país das maravilhas do protagonista envolve festas fechadas, mensagens criptografadas em letras de músicas, mapas escondidos em caixas de cereal e macetes especiais em revistas da Nintendo. Apesar do surrealismo Lynchniano, “Under the Silver Lake” é bastante direto em sua análise existencial.

Na busca por Sarah, Sam quer descobrir se existe alguma lógica nos signos ao seu redor qual é o código secreto que, ao ser desvendado, vai fazer com que tudo se encaixe. Por trás de toda paranoia conspiratória, há o impulso humano de compreender qual é o sentido da vida. Ao mesmo tempo, se cada pedaço de cultura pop possui um sentido oculto, então nada do que conhecemos e amamos significa aquilo que pensamos. São divagações muito ambiciosas para um único filme de pouco mais de duas horas (mas que parece mais longo).

Acostumada a lidar com obras mais alternativas, como “Midsommar” e “Joias Brutas”, a produtora A24 postergou o lançamento de “Under the Silver Lake”, como se não soubesse o que fazer com o filme em termos de estratégia comercial. Apesar dos defeitos, no entanto, o suspense inusitado cativa pela performance de Garfield e pela pura esquisitice da mente de Mitchell, que também assina o roteiro. Mesmo com inúmeras referências a outros autores e ícones diversos, o diretor consegue impor um estilo próprio que permanece na memória.

OBS.: Por algum motivo estranho, o filme não está aparecendo na busca da Amazon Prime Video. Para encontrá-lo, foi preciso buscar por ele no Just Watch, que direcionou até o link do filme.

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