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Primeira parte da trilogia de terror é um divertido "Pânico" gay.
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Em meados de 1996 ou 1997 (será que foi 1998?), ou seja lá quando “Pânico” chegou às videolocadoras do Brasil, eu tinha entre 10 e 12 anos e o novo filme de terror do diretor Wes Craven era a sensação entre o meu grupo de amigas da escola. Afinal, eram tempos mais simples, em que os nossos pais deixavam os filhos assistir a uma série de assassinatos brutais – e, apesar da permissão, nós sentimos um entusiasmo muito específico por presenciar algo que não era feito para crianças, algo violento e com subtexto sexual.

Dirigido por Leigh Janiak, “Rua do Medo: 1994 – Parte 1” é um filme perfeito para assistir numa daquelas noites em que eu colocava o meu pijama na mochila e ia dormir na casa de uma amiga (depois, é claro, teríamos alguma dificuldade para dormir, mas a insônia fazia parte da diversão). Baseada na obra literária de R. L. Stine, toda a trilogia (as partes serão lançadas às sextas-feiras) tem classificação 18 anos, ou seja, há muita violência e um pouco de sexo, mas adolescentes e pré-adolescentes não são obrigados a mostrar o RG para a Netflix.

A influência de “Pânico” é bastante óbvia já na sequência de abertura, em que um assassino fantasiado persegue Maya Hawke por um shopping fechado. Filha de Uma Thurman e Ethan Hawke, Maya é uma Drew Barrymore perfeita. Sua presença traz ares de “Stranger Things” a “Rua do Medo”, mas o destino de sua personagem afasta as demais comparações com a série. Na cidade de Shadyside (em tradução literal, “o lado sombrio”), no estado americano de Ohio, as tragédias são rotineiras, ao contrário da perfeita Sunnyvale (o “vale ensolarado”).

Conhecida como “a capital americana do assassinato”, Shadyside contagia seus habitantes com uma sensação de desgraça iminente. Os jovens se sentem destinados ao fracasso. Deena (Kiana Madeira), seu irmão Josh (Benjamin Flores Jr.) e os amigos Simon (Fred Hechinger) e Kate (Julia Rehwald) descobrem uma maldição do século 17 que pode explicar o motivo de tanto azar. Uma bruxa chamada Sarah Fier (mesma pronúncia de “fear”, ou medo) busca vingar a própria morte – e o seu novo alvo é Sam (Olivia Scott Welch), a ex-namorada de Deena.

“1994” demora a decolar e tem a tarefa ingrata de apresentar todo o universo da trilogia ao espectador, mas a roupagem atualizada do slasher (que, desta vez, inclui diferentes etnias e orientações sexuais) torna o filme mais dinâmico. Os efeitos especiais são coordenados por Christopher Allen Nelson, vencedor do Oscar e grande responsável por reviver Michael Myers na versão de 2018 de “Halloween”. Janiak, que já mostrava serviço com “Honeymoon” (2014), seu filme de estreia, é uma adição bem-vinda ao gênero do terror.

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