Baseada na HQ de Jeff Lemire, a série “Sweet Tooth” se passa em um mundo destruído por um vírus letal. Muito antes da proliferação da Covid-19, os criadores Beth Schwartz e Jim Mickle não queriam retratar uma doença da forma como ela se dá nos quadrinhos, com tumores e secreções, mas com os sintomas de uma gripe comum. “Quando a verdadeira pandemia começou, toda a nossa pesquisa fez sentido,” disse Mickle – tirando, é claro, a parte em que os bebês começam a nascer com traços animais.
Logo no primeiro episódio, um homem interpretado por Will Forte parte para o meio da floresta com um bebê. Gus é um lindo menino loiro, mas tem orelhas e chifres de cervo. Nos nove anos em que os dois vivem isolados da sociedade, ele é ensinado a temer os humanos e nunca abandonar o seu lar, mas Gus (vivido pelo menino Christian Convery) irá quebrar todas as regras para tentar encontrar a mãe, Birdie (Amy Seimetz). Durante a sua jornada, ele fará alianças importantes e descobrirá a sua verdadeira origem.
Apesar do tema sombrio, “Sweet Tooth” é uma série surpreendentemente encantadora. Assim como “Raya e o Último Dragão”, que também se passa numa espécie de pandemia, enquanto a maioria das pessoas lida com o luto e a desconfiança, há um personagem especial, quase mítico, que irradia esperança e otimismo. É graças à inocência de Gus que Jepperd (Nonso Anozie) e Bear (Stefania LaVie Owen) podem voltar a acreditar no lado bom dos humanos, independente dos inúmeros traumas que ambos sofreram.
Produzida pela Netflix, “Sweet Tooth” trata da superação do medo e das diferenças; de como podemos formar as nossas famílias de escolha até mesmo com espécies diferentes. Com um visual colorido e ensolarado, tão diferente de outras adaptações de HQ, a série conta com oito episódios que poderiam muito bem ter sido dez (o último episódio é mais longo e desenvolve muitas tramas ao mesmo tempo). Se dependesse de mim, metade do orçamento destinado à “Stranger Things” iria para “Sweet Tooth”.