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Animação da Pixar faz alegoria gay, mas não impressiona.
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A mais nova animação da Pixar (a segunda a ser lançada em tempos de pandemia e direto no streaming, sem taxa adicional) se passa num idílico vilarejo italiano, em meados do século 20. Luca (Jacob Tremblay) e Alberto (Jack Dylan Grazer) são, literalmente, dois peixes fora d’água – isto é, criaturas marinhas que assumem a forma humana para curtir o verão e explorar o que há de melhor na vila dos pescadores. Em especial, macarrão, sorvete e lambretas. Eles só não podem ser molhados, ou todos descobrirão o que realmente são.

Só pela sinopse, é fácil traçar paralelos com “A Pequena Sereia” ou mesmo “Ponyo”, mas “Luca” não tem um romance declarado no centro da trama. “É uma história muito pessoal para mim, não apenas por se passar na Riviera Italiana, onde eu cresci, mas porque o cerne do filme é uma celebração da amizade,” declarou o diretor Enrico Casarosa. “Muitas vezes, as amizades de infância ditam o curso de quem nós queremos nos tornar e são esses laços que estão no coração de nossa história em ‘Luca’”.

Quando o primeiro trailer da animação foi divulgado, muitos notaram semelhanças com o romance gay “Me Chame Pelo Seu Nome”, que também se passa na Itália. A própria Vanity Fair questionou se “Luca” seria o primeiro filme gay da Pixar. Obviamente, não há nada de assumido, mas uma simples alegoria – afinal, se eles forem descobertos, os dois podem se machucar. Uma cena de despedida em uma estação de trem também evoca romances clássicos, mas a Disney só acena aos LGBTQ+ com migalhas de representatividade.

Tirando a curiosidade do que seria uma animação gay feita sob a aprovação da Disney, não há nada de muito significativo ou memorável em “Luca”. Os personagens não têm características muito distintas (o vilão, em especial, é bem diferente dos antagonistas criados por Hayao Miyazaki) e não há momentos mais calmos para contemplar uma direção de arte tão caprichada. No ano passado, quando “Soul” foi lançado direto no streaming, parecia uma injustiça, um filme tão bom fora dos cinemas, mas “Luca” pertence a uma tela menor.

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