Com o domínio da Marvel no cinema e na televisão, estamos todos cansados de ver efeitos especiais medonhos. Para criar universos paralelos ou replicar o espaço sideral, é necessário (ou, ao menos, prático) utilizar o CGI. Acontece que, em um grande número de casos, a Marvel utiliza a tecnologia para contornar sindicatos, filmando em estúdio o que poderia ser feito em locação.
Em “Shang-Chi”, por exemplo, há uma cena em que os personagens parecem flutuar sobre um gramado gerado por computadores. A praticidade da tela verde resulta em planos preguiçosos, mal iluminados, que causam estranheza em um espectador minimamente atento. É difícil entender como produções tão caras podem ser tão mal feitas.
Um bom exemplo do uso dos efeitos computadorizados, não por serem indistinguíveis da realidade, mas por expressarem escolhas estéticas que complementam a narrativa, é o blockbuster indiano “RRR: Revolta, Rebelião, Revolução”. Feito com um orçamento de US$72 milhões, menos da metade do valor de “Shang-Chi”, o épico já faturou mais de US$150 milhões ao redor do mundo.
Passado em 1920, “RRR” conta a história ficcionalizada de dois revolucionários, Sitamara Raju (interpretado por Ram Charan) e Komaram Bheem (N. T. Rama Rao Jr.). Com relação à sinopse, não vou entrar em grandes detalhes. Assisti sabendo apenas que o filme tinha sido um grande sucesso e que foi bastante elogiado pela crítica internacional.
Ao leitor, acho que basta informar que trata-se de um filme de ação profundamente anticolonialista (alguns britânicos chegam a ser caricatos de tão sádicos) e com um visual extravagantíssimo, uma verdadeira celebração do excesso. Com direção de S. S. Rajamouli, as cenas de luta são mais bem coreografadas do que todos os filmes da Marvel combinados.
“RRR” tem três horas de duração, mas com um intervalo demarcado bem na metade. Disponível na Netflix, é possível ver a primeira parte em um dia e a segunda parte em outro. Mesmo assim, não acho que seria cansativo assistir tudo de uma vez só. Além da violência, há humor, música, dança, romance e um verdadeiro espírito rebelde, tanto na temática como no estilo. Uma vitória maximalista.