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A celebração de Rocketman

A cinebiografia de Elton John é tudo que "Bohemian Rhapsody" deveria ter sido.
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Apesar das comparações constantes, que tratam a indústria do entretenimento como se fosse a Cúpula do Trovão (dois homens entram, um homem sai), duas obras de temas semelhantes podem habitar o mesmo espaço, sem a necessidade de que uma destrua a outra. No caso de “Rocketman” e “Bohemian Rhapsody”, no entanto, a competição é, além de inevitável, brutal. Pois ambos abordam músicos talentosos e homossexuais, que enfrentaram o preconceito e os problemas com o vício, mas só um filme deve ser considerado como o vitorioso moral.

Dirigido por Dexter Fletcher (que substituiu Bryan Singer depois que ele abandonou o set de “Bohemian Rhapsody”, mas acabou sem o crédito oficial de diretor), a cinebiografia de Elton John é tudo que “Bohemian Rhapsody” deveria ter sido: uma celebração da vida e da obra de seu protagonista, que nunca esconde ou apequena a sua orientação sexual. É um retrato honesto, permeado pelas músicas que narram a trajetória do artista. É também um filme comercial, que não foge dos diversos clichês relacionados ao gênero, mas há uma espécie de candura que torna até mesmo os momentos mais piegas, como a do Elton adulto abraçando a sua versão infantil, em algo tocante.

“Rocketman” é um musical, propriamente dito, com personagens que dançam e cantam pelas ruas de Londres – é impossível não balançar o pé ao som de “Saturday Night’s Alright for Fighting”. Ao contrário de “Bohemian Rhapsody”, onde só há música quando Freddie Mercury toca, o filme oferece poesia, com elementos fantásticos que ajudam o diretor a contar a história de um artista tão vibrante, envolto nos figurinos mais espalhafatosos. Com roteiro de Lee Hall (o mesmo de “Billy Elliot”), é uma escolha narrativa que faz todo o sentido.

Taron Egerton (de “Kingsman – Serviço Secreto”) é ótimo como Elton. Ao contrário de Rami Malek, vencedor do Oscar de Melhor Ator pelo papel de Freddie Mercury, é ele mesmo quem canta as músicas do filme. Sua voz não é perfeita, mas algumas derrapadas são condizentes com o contexto emocional das cenas em que atua. Destaque também para o ator Jamie Bell (o próprio “Billy Elliot”), que interpreta um papel fraternal de forma tão carinhosa e genuína.

Em suma, “Rocketman” dá uma surra em “Bohemian Rhapsody”.

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