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A subversão de Wifi Ralph – Quebrando a Internet

Com direção de Phil Johnston e Rich Moore, “Wifi Ralph” reconhece que, às vezes, o mocinho pode atrapalhar a donzela.
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“Detona Ralph”, a animação original de 2012, escondia uma trama comovente sob diversas camadas de referências espertinhas do mundo gamer: dois personagens excluídos buscando espaço em um universo com regras e papéis preestabelecidos – literalmente, um jogo. Em “Wifi Ralph – Quebrando a Internet”, inúmeros “easter eggs” da vida online (e de outros produtos da Disney) tentam soterrar o que, numa versão mais adulta, seria um triângulo amoroso de uma comédia romântica, em que o homem dominador aprende que amar é querer o bem da pessoa amada ou, em referência ao clássico tweet de Eike Batista, “Solte a borboleta… Se ela fugir nunca foi sua, se voltar, sempre foi! (sua!)”.

Inseparáveis há seis anos, Ralph (John C. Reilly) e Vanellope (Sarah Silverman) estão presos em uma rotina. Ele não se importa, mas ela sente de falta de novos desafios e emoções. É a premissa clássica do casal entediado que resulta em alguma traição – em um contexto, é claro, de amizade inocente. Na tentativa de surpreender Vanellope, Ralph constrói uma pista de corrida para ela, mas Vanellope tenta controlar os próprios movimentos (em vez de deixar o jogador decidir) e o volante do jogo acaba se quebrando. Sem conserto, “Corrida Doce” pode ser desativado pelo dono do fliperama e todos os seus personagens serão despejados. Ralph e Vanellope decidem, então, ir até a internet encontrar um volante novo.

Com um desfile de marcas como eBay, Google e Twitter, além da participação especial de todas as princesas da Disney e dos stormtroopers de “Star Wars”, é fácil esnobar “Wifi Ralph” como um comercial descarado de quase duas horas. De fato, é um pouco perturbador que todos estes produtos sejam apresentados sem muita ironia (com exceção das princesas, um dos pontos altos da animação). O enredo, contudo, ajuda a superar a sensação de merchandising. Tocando em temas complexos, como o respeito à individualidade de uma pessoa querida, “Wifi Ralph” transforma a carência e a insegurança de Ralph em um King Kong de masculinidade tóxica, depois que Vanellope se encanta por Shank, uma corredora descolada interpretada por Gal Gadot.

Há algo de subversivo em apresentar o fascínio de Vanellope por uma mulher poderosa e atraente, provocando um ciúmes destrutivo no protagonista masculino. A mudança de perspectiva pode ser influência da roteirista Pamela Ribon, criadora de “Moana – Um Mar de Aventuras” – título de uma safra mais “feminista” da Disney, que inclui “Frozen – Uma Aventura Congelante“ e “Zootopia: Essa Cidade é o Bicho”. Com direção de Phil Johnston e Rich Moore, “Wifi Ralph” reconhece que, às vezes, o mocinho pode atrapalhar a donzela e colocá-la em apuros, e que nem sempre são os príncipes que resgatam as princesas.

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