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O gaslight em O Homem Invisível

Nova versão do clássico de H.G. Wells reflete angústia feminina.
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Com origem no filme “À Meia Luz” (1944), que deu o primeiro Oscar de melhor atriz para Ingrid Bergman, o termo “gaslight” trata de um tipo de manipulação psicológica que força a vítima a questionar a própria sanidade mental. Em graus variados, é uma prática comum em relacionamentos abusivos ou em qualquer dinâmica social em que há um desequilíbrio de poder. “Ele faz com que eu me sinta louca,” diz Cecilia Kass, em “O Homem Invisível” – interpretada por Elisabeth Moss (“Mad Men”, “The Handmaid’s Tale”), a protagonista desta nova versão do clássico de H.G. Wells não é um cientista louco, mas a sua vítima.

Presa em um casamento com um psicopata narcisista, Cecilia precisa fugir durante a noite e se esconder na casa de um policial. Com medo de que ele reapareça, ela mal consegue colocar os pés na rua – isto é, até ficar sabendo que o seu ex cometeu suicídio. A sensação de segurança, no entanto, não dura muito tempo. Com roteiro e direção do australiano Leigh Whannell, diretor de “Sobrenatural: A Origem” e “Upgrade: Atualização” (além de parceiro frequente de James Wan, das franquias “Jogos Mortais” e “Sobrenatural”), “O Homem Invisível” reflete uma angústia atual e particularmente feminina.

O roteiro tem alguns furos narrativos, mas há coerência emocional. Qualquer mulher pode reconhecer as táticas de controle e isolamento do antagonista, os problemas que são manufaturados para que ele possa apresentar a solução perfeita, para que a vítima não consiga escapar do manipulador. O mais assustador, no entanto, não é o abuso físico e psicológico, mas todo o sistema que ampara o agressor e duvida da vítima. Afinal, não é preciso acreditar na presença de um homem invisível para ser chamada de doida – basta ser mulher.

Com um orçamento de apenas US$7 milhões, um troco de bala para os parâmetros de Hollywood, que gastou mais de US$ 125 milhões com a terrível refilmagem de “A Múmia” (2017), “O Homem Invisível” deve multiplicar o investimento da Universal já na sua estreia, com uma bilheteria estimada de US$30 milhões, conforme especialistas. Com uma estratégia revisada, apostando em orçamentos menores e no selo da Blumhouse, a Universal pode ressuscitar outros monstros clássicos do cinema de terror e enfrentar a homogenia da Disney.

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